O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, justificou a lentidão no lançamento de inovações da agenda do BC nesta segunda-feira (22), durante o evento da Legend Capital, em São Paulo (SP). Segundo Campos Neto, o desenvolvimento de novas ferramentas e atualizações está lenta devido à falta de investimento, com risco de impacto nas operações realizadas por Pix. Como solução para os problemas, o presidente do Banco voltou a defender a aprovação da PEC que visa conceder autonomia para o BC.
“O orçamento foi sendo cortado, cortado e cortado”, justificou Campos Neto, afirmando que o orçamento de investimento da autarquia liberado neste ano é de R$ 15 milhões, referente a um quinto do disponibilizado há cinco anos. “Chega uma hora que a gente fala: como vamos conseguir fazer rodar o Pix?“, completou o presidente do BC.
Como justificativa, Campos Neto defendeu que os bancos centrais de outros países, com agendas mais progressistas e inovadoras, possuem autonomia financeira administrativa. “Por isso temos defendido tanto esse tema da PEC 65, que é para poder levar o BC para o caminho que possa continuar levando à modernização”, afirmou.
Presidente do Banco Central defende modernização da autarquia
Presidente do Banco Central, Campos Neto (Foto: Reprodução)
Em relação ao Banco Central do Brasil, o principal ponto defendido por Campos Neto é a modernização das operações. “92% dos BCs do mundo, que têm autonomia operacional, têm também financeira e administrativa. Então só estamos fazendo uma coisa parecida com o resto do mundo”, completou o discurso.
Além disso, ele afirmou também que PEC 65 não é um projeto próprio, com a autonomia do banco começando a partir de 2025, quando ele não estará mais a frente da autarquia. Assim, Campos Neto justificou que falta maturidade para aprovar a PEC.
De volta às justificativas apresentadas para o atraso na implementação de novas soluções no BC, o presidente da autarquia afirmou que a paralisação dos funcionários por ajustes salariais e novas contratações impactaram diretamente o cumprimento de prazos. Dentre as inovações programadas, está a liberação de novos recursos do Pix e o lançamento do Drex, a versão digital da moeda real.
Pix tem destaque na operação financeira mundial
Foto: Shutterstock
No evento, Roberto Campos Neto defendeu o uso do Pix, afirmando que não há nenhum sistema igual ao Pix no mundo em relação aos termos de adoção pela população. Na liberação da modalidade, a expectativa era que 10 milhões a 20 milhões de consumidores aderissem o Pix nos três primeiros meses.
Contudo, o número foi atingido antes mesmo do prazo, em apenas três semanas. Na última semana, o número de transações feitas por Pix em apenas um dia chegou aos 201 milhões. Segundo Campos Neto, ao levar em consideração o número de pessoas bancarizadas no Brasil, esse total representa mais de uma transação por pessoa por dia. “É quatro vezes maior per capita do que na Índia, que tem um sistema mais antigo que o nosso”, afirmou.